sábado, 10 de outubro de 2009

Astronomia




Vou buscar uma das estrelas que caiu
do céu, esta noite. Ficou presa a um
ramo de árvore, mas só ela brilha,
único fruto luminoso do verão passado.

Ponho-a num frasco, para não se
oxidar; e vejo apagar-se, contra
o vidro, à medida que o dia se
aproxima, e o mundo desperta da noite.

Não se pode guardar uma estrela. O
seu lugar é no meio de constelações
e nuvens, onde o sonho a protege.

Por isso, tirei a estrela do frasco e
meti-a no poema, onde voltou a brilhar,
no meio de palavras, de versos, de imagens.

Nuno Júdice

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