domingo, 21 de fevereiro de 2010

Na extrema e lenta doçura da tarde













EM LOUVOR DO FOGO


Um dia chega
de uma extrema doçura:
tudo arde.

Arde a luz
nos vidros da ternura.

As aves,
no branco
labirinto da cal.

As palavras ardem,
e a púrpura das naves.

O vento,

onde tenho casa
à beira do outono.

O limoeiro, as colinas.

Tudo arde

na extrema e lenta
doçura da tarde.

Eugénio de Andrade

Nenhum comentário:

Postar um comentário