sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Camafeu







Lembram, no aspecto, as frágeis miniaturas,
escrínio, camafeu, flor em redoma,
missal a refulgir de iluminuras,
frases de ouro a evolar folgasse aroma.
Êmulo de imperiais cinzeladuras,
que o poeta ductílimo, esmera e Chroma,
lavor que impõe desvelos e torturas,
mas donde, em versos, a Beleza assoma.
Quem te arquiteta em rimas de alabastro,
enclausurando em ti a imensidade,
da larva subterrânea à luz de um astro,
transmuda-te de fino estojo em arca,
jóia antiga de eterna mocidade,
sacrário excelso da alma de Petrarca.

Correia Pinto

Nenhum comentário:

Postar um comentário