quarta-feira, 7 de abril de 2010
Madrugada no campo
Com que doçura esta brisa penteia
a verde seda fina do arrozal –
Nem cílios, nem pluma, nem lume de lânguida
lua, nem o suspiro do cristal.
Com que doçura a transparente aurora
tece na fina sede do arrozal
aéreos desenhos de orvalho! Nem lágrima,
nem pérola, nem íris de cristal...
Com que doçura as borboletas brancas
prendem os fios verdes do arrozal
com seus leves laços! Nem dedos, nem pétalas,
nem frio aroma de anis em cristal.
Com que doçura o pássaro imprevisto
de longe tomba no verde arrozal!
– Caído céu, flor azul, estrela última:
súbito sussurro e eco de cristal.
Cecília Meireles
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