Nádia, nua sob eucaliptos,
tenta ler os poemas de amor
que ganhou na noite anterior.
Antes de desdobrar as folhas amassadas,
os seus olhos são cobertos por abelhas.
Nádia, nua e teimosa,
insiste na tentativa de ler.
Esquiva-se e nem se percebe colméia futura.
Três dias depois, vestida de abelha,
Nádia não tem mais olhos, mãos,
língua de ler poemas.
Toda mel e asa, apenas imagina
um possível verso escrito por seu amado:
"bolha de sabão derrota o silêncio"
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