domingo, 30 de agosto de 2009
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
terça-feira, 25 de agosto de 2009
À Espera do Amado
Disse-me baixinho:
— Meu amor, olha-me nos olhos.
Ralhei-lhe, duramente, e disse-lhe:
— Vai-te embora.
Mas ele não foi.
Chegou ao pé de mim e agarrou-me as mãos...
Eu disse-lhe:
— Deixa-me.
Mas ele não deixou.
Encostou a cara ao meu ouvido.
Afastei-me um pouco,
fiquei a olhá-lo e disse-lhe:
— Não tens vergonha? Nem se moveu.
Os seus lábios roçaram a minha face.
Estremeci e disse-lhe:
— Como te atreves?
Mas ele não se envergonhou.
Prendeu-me uma flor no cabelo.
Eu disse-lhe:
— É inútil.
Mas ele não fez caso.
Tirou-me a grinalda do pescoço
e abalou.
Continuo a chorar,
e pergunto ao meu coração:
Porque é que ele não volta?
Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões
— Meu amor, olha-me nos olhos.
Ralhei-lhe, duramente, e disse-lhe:
— Vai-te embora.
Mas ele não foi.
Chegou ao pé de mim e agarrou-me as mãos...
Eu disse-lhe:
— Deixa-me.
Mas ele não deixou.
Encostou a cara ao meu ouvido.
Afastei-me um pouco,
fiquei a olhá-lo e disse-lhe:
— Não tens vergonha? Nem se moveu.
Os seus lábios roçaram a minha face.
Estremeci e disse-lhe:
— Como te atreves?
Mas ele não se envergonhou.
Prendeu-me uma flor no cabelo.
Eu disse-lhe:
— É inútil.
Mas ele não fez caso.
Tirou-me a grinalda do pescoço
e abalou.
Continuo a chorar,
e pergunto ao meu coração:
Porque é que ele não volta?
Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões
domingo, 23 de agosto de 2009
sábado, 22 de agosto de 2009
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Qual macieira entre as árvores do bosque,
tal é o meu amado entre os filhos:
desejo muito a sua sombra,
e debaixo dela me assento;
e o seu fruto é doce ao meu paladar.
Levou-me à sala do banquete,
e o seu estandarte em mim era o amor.
Sustentai-me com passas,
confortai-me com maçãs,
porque desfaleço de amor.
Cantares de Salomão
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
O Primeiro Beijo
Ela estava de pé, bem perto de mim.
Olhei-a até a alma, e minhas mãos agarraram seus dois pulsos.
Cerrando os olhos, ofereceu-me sua face.
Contenta-se, acaso, o viajante sedento com frutos ,
quando uma fonte está próxima?
No fim, nossos lábios se uniram.
E todo seu corpo, contra o meu,
nada mais era do que uma boca.
O Jardim das Carícias
Alguns escrevem pela arte, pela linguagem, pela literatura.
Esses, sim, são os bons.
Eu só escrevo para fazer afagos.
E porque eu tinha de encontrar um jeito de alongar os braços.
E estreitar distâncias.
Encontrar os pássaros: há muitas distâncias em mim (e uma enorme timidez).
Uns escrevem grandes obras.
Eu só escrevo bilhetes para escondê-los, com todo cuidado, embaixo das portas.”
Rita Apoena
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Simplesmente
Voltar a ser
onda que enlaça a praia
e logo dela se desprende
arrastando uns pós de areia
no engano de levar da praia um beijo
ou uma ideia
ou alegria do amor
simplesmente.
(António Branco in Fugidia Comunhão)
domingo, 16 de agosto de 2009
Há de haver algum lugar, um confuso casarão, onde os sonhos serão reais e a vida não
Por ali reinaria meu bem com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite sonhasse comigo, talvez
Um lugar deve existir, uma espécie de bazar, onde os sonhos extraviados vão parar
Entre escadas que fogem dos pés e relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor, não voltava jamais
(Edu e Chico, A Moça do Sonho)
sábado, 15 de agosto de 2009
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Devemos visitar os bastidores de nossa alma,
fantasiados de palhaço.
Dessa forma, podemos sorrir de nossas falhas
e tripudiar das inseguranças,
atraindo-as para o nosso maior aliado: o picadeiro.
É aqui, que as feras de orelhas enormes minguam
ao som dos aplausos de Deus e dos nossos amigos.
Augusto Vicente
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Doçura
Anita vende a doçura em frascos. Enche-os de compota de fruta, tapa-os e cola-lhes uma etiqueta, mas, em vez de escrever compota disto ou compota daquilo, de mirtilos ou de pêssego, de marmelo ou de morango, arredonda a letra e escreve apenas Doçura. Senta-se no passeio com os frascos defronte, expostos no asfalto, junto aos pés, e não lhe faltam clientes. A compota vende-se muito bem e ninguém regressa para reclamar: quem compra julga que a doçura está toda nos olhos de Anita.
[...] Às vezes, pensando nisto, Anita ainda se entristece. Olhando-a a partir da minha janela do país onde é quase sempre Inverno, vejo que as estrelas se lhe reflectem no orvalho dos olhos. Vejo isto e enterneço-me. Daqui longe fecho os meus olhos e sussurro bem baixinho a única verdade que existe – para que ela a oiça: que não há no mundo todo maior poema do que vê-la, sentada no passeio, a vender a Doçura que tem nos frascos. E nos olhos.
Manuel Jorge Marmelo, trechos do conto A doçura
SONETO DO DESMANTELO AZUL
Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,
Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.
E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.
E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.
Carlos Pena Filho
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
domingo, 9 de agosto de 2009
Dia dos pais?
Não vou desejar feliz dia dos pais para nenhum homem.
Dia dos pais é todo dia.
Filhos, respeitem e amem seus pais!
Pais, eduquem e amem seus filhos!
Meu carinho especial vai para as mulheres que por força das circunstâncias, fizeram e fazem o papel que muitos homens deveriam fazer : serem pais verdadeiramente.
São mulheres que acumulam as funções de mães, pais, educadoras, provedoras, conselheiras , cozinheiras , babás e anjo da guarda.
Para elas eu tiro o meu chapéu... meu sapato ... meu casaco!
Nana Pereira
sábado, 8 de agosto de 2009
Costuma-se dizer que as paredes têm ouvidos,
imagine-se o tamanho que terão as orelhas das estrelas."
José Saramago
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Poemas
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Doçura
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Poema egípcio da Vigésima Dinastia (1200-1085 A. C.)
"Ó bem amado
é doce entrar no lago
e mergulhar diante dos teus olhos...
E assim eu venho,
Ó bem amado,
ao teu encontro
com minha veste do linho mais fino molhada
modelando a curva dos meus seios..."
Nefertiti, poema dedicado a Akhenaton, faraó egípcio.
domingo, 2 de agosto de 2009
As seis cordas
A guitarra
faz soluçar os sonhos.
O soluço das almas
perdidas
foge por sua boca
redonda.
E, assim como a tarântula,
tece uma grande estrela
para caçar suspiros
que bóiam no seu negro
abismo de madeira.
Federico Garcia Lorca
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